Como o agro pode ser financiado por títulos verdes?

Por Bianca Souza Soares

15 de Outubro de 2020

A virada do Brasil no agronegócio começou nas décadas de 1950 e 1960, quando o país deixou de ser importador para se tornar um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo.

A virada do Brasil no agronegócio começou nas décadas de 1950 e 1960, quando o país deixou de ser importador para se tornar um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo. Nesse período, houve crescimento significativo de produção ao mesmo tempo em que se desenvolvia um arcabouço regulatório bastante rígido em relação à conservação ambiental — apesar do atual comportamento controverso nas pautas climáticas, o Brasil sempre teve um histórico respeitado internacionalmente.

De fato, o crescimento do setor agropecuário se deu principalmente por meio de ganhos de produtividade e sem expansão relevante da área ocupada, que representa hoje 7,8% do território brasileiro. Entre 1975 e 2015, por exemplo, os avanços tecnológicos aumentaram em 59% o valor bruto da produção agrícola, ne medida em que trabalho e terra foram responsáveis, respectivamente, por 25% e 15% do ganho.

E o que propiciou esse ambiente de desenvolvimento? A disseminação de novas tecnologias e suporte técnico, políticas dedicadas e um grande investimento público. Especialistas no assunto apontam, ainda, o trabalho da Empresa Brasileiro de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como um dos fatores primordiais.

Além disso, parte significativa dos ganhos de eficiência é resultado de práticas sustentáveis, como o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e a Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que podem ser financiados com o selo verde.

Na medida em que o financiamento público encolhe por restrições fiscais, o mercado de capitais surge como uma alternativa para impulsionar e dar escala à produção agrícola sustentável. Espaço existe: de acordo com a Climate Bonds Initiative (CBI), estima-se entre R$ 890 bilhões a R$ 950 bilhões a necessidade de recursos para que o país cumpra com as metas firmadas em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC).

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Nesse mesmo sentido, a queda da taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 2% a.a., e o aprimoramento regulatório por meio da Lei 13.989/2020 tornam o uso de instrumentos de mercado ainda mais atrativos para o financiamento agrícola. As ferramentas já disponíveis hoje e que podem receber certificação podem ser conferidas a seguir: 

Produtos Financeiros que podem ser usados

Como seria um CRA Verde?

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